Assim como na gestão passada clube não prioriza estruturação do departamento de futebol
Antes de tudo, aqui está um admirador do trabalho do Renato e alguém contrário à sua saída, pelo menos antes do final da temporada. Contudo, sabemos que futebol é muito dinâmico e mudanças no comando técnico são comuns em grandes clubes quando os resultados não vêm. No Grêmio, não pode ser diferente. Porém, é diferente.
Assim como na gestão Romildo, o Grêmio não possui um departamento de futebol forte e bem estruturado. Percebe-se claramente que tudo passa por decisões do treinador, mesmo que a direção tenha ciência delas.
Quem integra do Departamento de Futebol
Hoje, o comando de futebol do clube está sob responsabilidade de Antônio Brum. O cargo de gerente executivo é de Luís Vagner Vivian. Em alguns momentos, vemos a participação efetiva do presidente Alberto Guerra no futebol do clube. Em suma, a estrutura é essa.
Na gestão Romildo, o mesmo participava com certa frequência nas decisões do futebol, mas a pasta esteve sempre nas mãos de algum integrante do Conselho de Administração, como: Odorico Roman, Marcos Hermann, Paulo Luz, dentre outros. Já o cargo de executivo pertencia a Klauss Câmara e depois, Diego Cerri.
Semelhanças Estruturais
Vejam, na gestão Romildo a pasta de diretor de futebol do clube esteve sempre nas mãos de alguém próximo a ele. Até aí tudo bem, desde que haja um comando forte entendo que não seja um problema entregar um cargo dessa importância nas mãos de alguém de sua confiança.
O mesmo ocorre na gestão Guerra, que tem uma pessoa de sua confiança a frente do futebol. Em ambas as gestões o cargo de executivo de futebol estava escondido. Poucas pessoas sabem quem é Luis Vagner Vivian, assim como poucos sabiam quem eram os executivos da gestão Romildo.
No que isso resulta?
O fato é que tínhamos e temos um departamento de futebol esvaziado, com pouca força no comando e consequentemente o reflexo disso está na montagem do grupo de jogadores na gestão atual. Assim como na gestão anterior, a direção atual segue o mesmo sistema de contratações. Ninguém se desloca até o local em que o reforço pretendido está pra negociar cara a cara com o atleta. Tudo é feito por aqui.
Talvez esse tenha sido o motivo da direção ter avaliado mal a contratação do goleiro. O Grêmio não reforçou o sistema defensivo, jogando todas as fichas em dois atletas que já estão em clara queda de rendimento: Geromel e Kannemann. Buscou um zagueiro que falha constantemente. O Grêmio não tem um camisa 5 de ofício. Diego Costa chegou, apresentou bom desempenho e a direção esqueceu que o reserva imediato é mais um atleta que não deu certo, JP Galvão.
Renato-dependência
Fica claro que além do grupo enxuto que dificulta muito a vida do treinador, levando-se em conta a quantidade de competições importantes esse ano, o clube segue refém do Renato. Se o Renato decide por algum motivo sair hoje, tudo indica que passaremos pelo mesmo sufoco que passamos em 2021.
Isso porque, mais uma vez, não temos um departamento de futebol forte e bem estruturado. Seja qual for o treinador que venha nessas circunstâncias, vai passar pelos mesmos problemas e dificuldades que passaram treinadores que sucederam Renato na fatídica temporada do descenso.
Ainda há tempo para recuperação
Antes de mais nada, é inevitável fortalecer o departamento de futebol. Precisamos de alguém que tenha comando e discurso forte. Além disso, entendo que o clube poderia ter dois executivos, sendo um estrangeiro, com profundo conhecimento do mercado sulamericano. Isso para que possamos colher os frutos a médio/longo prazo.
O Grêmio precisa entregar qualidade ao Renato. O plantel é curto e o banco não dá conta de substituir os jogadores titulares. O clube vai ter que buscar um novo goleiro. Precisamos de um ou dois zagueiros de ponta. E pelo menos um primeiro volante que de mais intensidade a marcação. Isso é o mínimo pro clube reverter um cenário quase irreversível na Libertadores e poder dar esperanças ao seu torcedor de realizar boas campanhas ainda esse ano.